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Micotoxinas

 

 
 

MICOTOXINAS são toxinas produzidas por fungos.

Se esses fungos crescerem em alimentos, sejam grãos (amendoim, milho, soja, trigo, sorgo, etc.) ou produtos finais (suco de maçã, frutas secas, etc.) podem liberar suas toxinas nesses substratos que serão posteriormente consumidos pelo homem. Seu consumo pode representar risco à saúde humana se houver ingestão de grande quantidades ou ingestão continuada .

 

 

 

 

A história das micotoxinas começa em 1960, quando um surto de mortes inexplicáveis de aves no Reino Unido (especialmente perus) é investigado. O surto ficou mundialmente conhecido como 'turkey X disease'. Chega-se à conclusão que o problema estava na ração, que havia sido feita com amendoim importado da África e do Brasil. Esse amendoim estava contaminado com uma substância fluorescente produzida pelo fungo Aspergillus flavus. Da expressão inglesa 'A. flavus toxin' derivou a palavra AFLATOXINA. Hoje se sabe que não existe uma aflatoxina, mas pelo menos 17 compostos tóxicos, dentre os quais os mais importantes são as aflatoxinas B1, G1, B2 e G2. E destas, a aflatoxina B1 (AFB1) é considerada o agente natural mais carcinogênico que se conhece. Por conta disso e pela prevalência deste fungo (e de outras espécies produtoras) em nosso meio, é a mais importante micotoxina no Brasil. É importante lembrar que, a partir de 1962, quando se estabeleceu as causas do surto, pesquisas subseqüentes encontraram outros fungos produtores de substâncias tóxicas diferentes. Uma visão geral das mais importantes micotoxinas pode ser vista na tabela 1:

 

micet(o), mic(o) - elemento de composição do grego mýkes, que significa fungo, cogumelo. Documenta-se em vocábulos eruditos a partir do século XIX, na linguagem científica internacional, especialmente das ciências biológicas. [mycetographia, 1873; mycologia, 1873; mycose, 1881; mycotico, 1899]1

 

tóxico - do latim toxicum, derivado do grego toxikón (pharmakon), 'veneno para flechas'. Palavra introduzida no século XX a partir do francês toxine.1

 

 

Tabela 1 - Principais micotoxinas com seus respectivos fungos produtores, substratos e efeitos no homem e nos aniamais.

 

Principais substratos Principais fungos produtores Principal toxina Efeitos
Amendoim, milho.

Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus

Aflatoxina B1

Hepatotóxica, nefrotóxica, carcinogênica.

Trigo, aveia, cevada, milho e arroz.

Penicillium citrinum

Citrinina

Nefrotóxica para suínos

Centeio e grãos em geral.

Claviceps purpurea

Ergotamina

Gangrena de extremidades ou convulsões

Milho

Fusarium verticillioides

Fumonisinas

Câncer de esôfago

Cevada, café, vinho.

Aspergillus ochraceus

Aspergillus carbonarius

Ocratoxina

Hepatotóxica, nefrotóxica, carcinogênica.

Frutas e sucos de frutas

Penicillium expansum e Penicillium griseofulvum

Patulina

Toxicidade vagamente estabelecida

Milho, cevada, aveia, trigo, centeio.

Fusarium sp

Myrothecium sp

Stachybotrys sp

Trichothecium sp

Tricotecenos:

T2, neosolaniol, fusanona x, nivalenol, deoxivalenol.

Hemorragias, vômitos, dermatites.

Cereais

Fusarium graminearum

Zearalenona

Baixa toxicidade; síndrome de masculinização e feminização em suínos

 

 

 

Pode-se observar que os piores efeitos das micotoxinas no homem tendem a ser os crônicos, de difícil associação com o consumo de alimentos contaminados. Os principais efeitos registrados são indução de câncer, lesão renal e depressão do sistema imune.

Uma vez que as micotoxinas costumam ser termoestáveis, a abordagem preventiva em relação a elas é de suma importância. Evitar a contaminação pelos fungos é freqüentemente impossível, visto que os principais bolores toxigênicos são bastante disseminados pelo ambiente. Portanto, restam estratégias ligadas à utilização de linhagens de plantas resistentes à colonização fúngica, colheita apropriada, estocagem adequada, controle de insetos e roedores, controle de temperatura e umidade, tempo de estocagem dentro dos limites de vitalidade dos grãos, eventualmente irradiação dos grãos.

 
     
     
     

 

 

 

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